A lua está quebrada


e o céu está rachado


Suba para dentro da CASA

10/08/2008

San Diego Serenade

Eu nunca havia notado a manhã... até ter uma noite de insônia.

Não havia visto o sol brilhar... antes de você desligar a luz.

Não via minha cidade natal... até ter ficado longe dela.

Eu nunca escutei a melodia...até precisar da canção.



Eu não havia visto aquela linha branca... até deixar você pra trás.

Nunca precisei de você... até me amarrar de jeito.

Eu nunca te disse "eu te amo"...antes de amaldiçoar você em vão.

Eu nunca senti as cordas do meu coração...até quase ficar louco.



Eu não havia ido a costa leste...até me mudar para o oeste.

Não percebi a a noite enluarada... até ela rebentar do teu peito.*

Nunca havia notado seu coração...até alguém tentar roubá-lo de mim.

Não enxergei suas lágrimas...até elas rolarem pela sua face.





I never saw the morning 'til I stayed up all night

I never saw the sunshine 'til you turned out the lightI

never saw my hometown until I stayed away too long

I never heard the melody, until I needed a song.

I never saw the white line, 'til I was leaving you behind

I never knew I needed you 'til I was caught up in a bind

I never spoke 'I love you' 'til I cursed you in vain,

I never felt my heartstrings until I nearly went insane.

I never saw the east coast 'til I move to the west

I never saw the moonlight until it shone off your breast

I never saw your heart 'til someone tried to steal, tried to steal it away

I never saw your tears until they rolled down your face.


http://br.youtube.com/watch?v=bku4G-PSyH8


Ok,ok... isso é o que alguns conservadores chamariam de "pagodão". Mas vá lá, sem ser brega não dá pra ser feliz, no máximo espirituoso. E algumas passagens são maravilhosas..."I never heard the melody until I need the song"; "I never saw you tears until they rolled down your face", eu não contive-me e chorei.

A idéia geral da "serenata" é a de que as coisas que nos rodeiam se fazem notar quando deslocam-se do seu campo de sentido pré-determinado, quando não atendem ás espectativas que a manualizam e as velam. Está na cara que o "ver", o "notar", "perceber", que estão aqui são diferentes de uma simples capacidade sensorial... de fato, é um "ver" existencial.

A melodia nao aparecia enquanto a música não fez sentido... Quando, de repente, notou-se do que se tratava aquela canção, em sua simplicidade e sua coerência auto-suficiente, então as notas todas se adaptaram aquele novo modo de ser da arte, e tudo se refez nos ouvidos do ouvinte.
E as lágrimas! Não notava as lágrimas enquanto elas não se tornaram explícitas... E elas já estavam lá, legíveis mas esquecidas, sem precisar rolar pelas faces da moça. Tá... é um pagodão divertido, por favor.


Essa é do disco "In the heart os saturday night" (esse aí do lado) de 74, um disco sensacional.
(Queria dizer que tenho uma boina igual a que ele usa na capa desse disco e no vídeo do you tube... mas aí eu ia parecer muito tiete)

2 comentários:

GALDINO, V. disse...

Bleh... nenhum pagode move a alma como Tom Waits move. Mas... é, parece um pagode.

Unknown disse...

o blog está ótimO!